
Levou um tiro na cara enquanto era beijada
Quase confundiu o êxtase da paixão
Com a ardência da bala à queima-roupa
“Avisa pra minha mãe”, e logo tudo avermelhou
O marido não ouviu, com arma na mão.
Viu. Não ousou. Não ouviu.
Ele desceu as escadas do prédio
Acompanhando o sangue que também escorria
degrau
por
degrau
Lento. Vistoso.
Eram dois amigos.
O sangue lhe agradecia a existência
E recebia de volta um sorriso.
O sol se pôs a entrar, laranja que só ele
E brilhou as marcas da mão contorcida
Nas paredes do apartamento abandonado
E nas escritas do coração desenhado no papel
Largado no silêncio
Enquanto isso, uma luz fria iluminava a face transtornada
Da mulher desfigurada
Deitada na dúvida da morte
Ao som de suas batidas cardíacas
Ela, moribunda das casas dos enfermos
Cambaleou de cama em cama
Mas nem o cheiro dos doentes pôde sentir:
Não houve nariz para isso.
Ganhou anestesias, pontos, plásticas
Implantes, ossos, arcadas dentárias,
Peles, cabelos, cilhos...
Agradeceu à todos eles.
Hoje, a cara estourada vai ao microfone
E pede compaixão:
“Por favor, não sou um monstro”
“Por favor, não sou um monstro”
Voltará ela um dia a olhar o amor
Em quê?

Pelo jeito, a inspiração voltou. Ótimo layout! Ótimo texto!
ResponderExcluirTexto maravilhoso!
ResponderExcluirE esse blog novo tá muito bom, gostei tb da criatividade em escolhermos as idéias pros novos posts!
Cada post um desafio, rsrs!
Beijoooo e visita o meu!
Pois é! A cada post um desafio!
ResponderExcluir'Brigada pelos comentários!
Beijoooos!
Ótimo início deste novo canto.
ResponderExcluirParabéns por este espaço e por um primeiro texto tão bem bolado.
Que tenham sucesso e reconhecimento em mais esta aposta.
R Schieber
Em que????? Em que???? Em que???????????
ResponderExcluirNossa, que texto bom!
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