
Veio cegando os postes da estrada
Recolhendo a criançada
Que embora estivesse cansada
Aguentaria mais uma brincada
Mas o escuro se fez em cada
estabelecimento, praça, morada,
largo, rua, calçada.
A única não afetada,
Foi uma moça desde cedo deitada
triste porque foi trocada
porque acreditou numa palhaçada
e terminou em mais uma furada.
Logo, o breu em sua chegada
A encontrou já desmaiada
em seu conjunto de seda rendada
Que vestiu avoada
Se se lembrar que tinha sido por ele dada
Na época em que era amada
A senhora que era aposentada
Tinha dado uma cochilada
e aproveitando a acordada
puxou uma almofada
E dormiu de forma pesada
Pelo resto da madrugada
Nem ouviu a freada
Dum carro que nem viu a lombada
E interrompeu sua jornada
Num hidrante da calçada
Já um senhor de vida afortunada
Do alto de sua morada
Uma casa linda avarandada
Vendo a cidade apagada
Concluiu que não era de sua alçada
E não fez nada
Apenas deu outra cachimbada
E acompanhou de longe a caminhada
De uma mulher pasmada
Com aquela noite estrelada
que soltou uma gargalhada
Sem saber que era observada
A venda ficou fechada
Não vendeu nem limonada
E a noturna feijoada
Acabou sendo cancelada
a mulher que levara a salada
Ficou um tempo parada
Desacreditada
Tinha posto até torrada
Preparado rabanada
mas teve de voltar pisada a pisada
pela rua esvaziada
Morrendo de medo de alma penada
O jovem usou a cartada
Pra encantar sua namorada
E nessa noite enluarada
Fez uma carta rimada
Que leu embaixo de sua sacada
A escuridão também causou mancada
olhada errada
Pedrada
Paulada
Topada
Porrada
Unhada
E uma série de outros ADA
Como a dona revoltada
Com o fim da novela mal começada
Numa Tv com tanta polegada
Que tinha acabado de ser comprada
E agora era chutada
coitada da probre coitada...
Que naquela noite ainda foi roubada
Por um ladrão que teve a sacada
De se esgueirar na calada
Aproveitando-se da mancada
Burrada ou vacilada
Dum funcionário de uma usina afastada
Que sem querer tropeçou na tomada.

Gostei da embolada.
ResponderExcluirIncrível...
ResponderExcluirQuanta emboscada
ResponderExcluirnessa noite pra lá de atrapalhada!
imagina se eu fosse uma mulher lendo esse poema chapada?
Já mandaram pro Ferreira Gullar?
ResponderExcluirAdoreeei!!!!
ResponderExcluir