quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Da queda de luz


Veio cegando os postes da estrada
Recolhendo a criançada
Que embora estivesse cansada
Aguentaria mais uma brincada
Mas o escuro se fez em cada
estabelecimento, praça, morada,
largo, rua, calçada.
A única não afetada,
Foi uma moça desde cedo deitada
triste porque foi trocada
porque acreditou numa palhaçada
e terminou em mais uma furada.
Logo, o breu em sua chegada
A encontrou já desmaiada
em seu conjunto de seda rendada
Que vestiu avoada
Se se lembrar que tinha sido por ele dada
Na época em que era amada
A senhora que era aposentada
Tinha dado uma cochilada
e aproveitando a acordada
puxou uma almofada
E dormiu de forma pesada
Pelo resto da madrugada
Nem ouviu a freada
Dum carro que nem viu a lombada
E interrompeu sua jornada
Num hidrante da calçada
Já um senhor de vida afortunada
Do alto de sua morada
Uma casa linda avarandada
Vendo a cidade apagada
Concluiu que não era de sua alçada
E não fez nada
Apenas deu outra cachimbada
E acompanhou de longe a caminhada
De uma mulher pasmada
Com aquela noite estrelada
que soltou uma gargalhada
Sem saber que era observada
A venda ficou fechada
Não vendeu nem limonada
E a noturna feijoada
Acabou sendo cancelada
a mulher que levara a salada
Ficou um tempo parada
Desacreditada
Tinha posto até torrada
Preparado rabanada
mas teve de voltar pisada a pisada
pela rua esvaziada
Morrendo de medo de alma penada
O jovem usou a cartada
Pra encantar sua namorada
E nessa noite enluarada
Fez uma carta rimada
Que leu embaixo de sua sacada
A escuridão também causou mancada
olhada errada
Pedrada
Paulada
Topada
Porrada
Unhada
E uma série de outros ADA
Como a dona revoltada
Com o fim da novela mal começada
Numa Tv com tanta polegada
Que tinha acabado de ser comprada
E agora era chutada
coitada da probre coitada...
Que naquela noite ainda foi roubada
Por um ladrão que teve a sacada
De se esgueirar na calada
Aproveitando-se da mancada
Burrada ou vacilada
Dum funcionário de uma usina afastada
Que sem querer tropeçou na tomada.

5 comentários: